Neil deGrasse Tyson explica a base científica de Interestelar (e lista 9 mistérios do filme)



O astrofísico Neil deGrasse Tyson – que você conhece por causa deste meme e pela minissérie Cosmos – não gostou de alguns detalhes em Interestelar, mas sabe como ninguém que a trama do filme é inspirada na ciência. Neste vídeo, ele explica a física que torna tudo isso possível.

Palavras de deGrasse Tyson a seguir:

Em Interestelar, Matthew McConaughey interage com a linha do tempo dele. A premissa é: você entra em um buraco negro e tem acesso a dimensões superiores.

Na vida real, nós temos três dimensões com as quais estamos familiarizados. Em Nova York, seria em qual cruzamento de rua e avenida, e em qual andar você vai encontrar alguém em um edifício. Você teria três coordenadas.

Mas se você acertasse de encontrar alguém, você não marcaria um horário sem combinar um lugar; nem você combinaria um lugar sem marcar um horário. Então as coordenadas reais para encontrar alguém requerem quatro números: três coordenadas de espaço, e uma coordenada de tempo.

Você nunca diria a um amigo, “nos encontramos amanhã às 8 horas”. Onde?! “Encontro você na esquina da 33rd e 3rd”. Quando?!

Nós sabemos, intuitivamente, que precisamos de coordenadas de espaço e tempo juntas, para fazer a vida transcorrer de uma forma que faça sentido. Então a ideia de que vivemos em quatro dimensões não deveria ser surpreendente para as pessoas. Nós tomamos isso como dado, na verdade.

Mas a diferença é que não somos prisioneiros do nosso espaço tridimensional. Eu posso andar para a esquerda ou direita, posso pular para cima ou para baixo, posso andar para frente ou para trás, e eu posso repetir o movimento. Eu posso acessar cada ponto do meu espaço tridimensional.

Mas eu sou um prisioneiro do tempo presente… sempre transitando do passado para o futuro. Não tenho acesso ao passado. Não tenho acesso ao futuro. No entanto, se você for para uma dimensão mais alta, não é irrealista pensar que você sai da dimensão temporal e olha para o tempo como nós olhamos para o espaço.

Perguntas que dizemos no dia a dia não fazem sentido em coordenadas elevadas. Você não pergunta “quando eu nasci?”, porque você sempre está nascendo. “Quando eu fui para a faculdade?” Você está sempre indo para a faculdade. “Quando eu morri?” Você sempre está morrendo.

Se você tem uma linha do tempo à sua frente, então você tem acesso a ela: você pode entrar em qualquer momento, viver de novo… Não sabemos se você pode interferir em eventos que já aconteceram.

Se sua linha do tempo já está lá, o que significa pular para dentro dela e mudar algo se ela já está lá? São perguntas fascinantes que dão um ótimo material para ficção científica. E não sabemos o que há dentro de um buraco negro, então pode usar isso à vontade.

E eis os nove “mistérios” de Interestelar, que ele listou no Twitter:

1. Se é possível atravessar o espaço-tempo através de um tesseract (ou hipercubo) e tocar em livros, porque ele simplesmente não escreveu um recado e o enviou através do tesseract?

2. Há muito mais estrelas do que buracos negros no universo. Por que o melhor planeta semelhante à Terra orbita um buraco negro?

3. Quem no universo saberia os títulos de todos os seus livros, por trás, em uma estante?

4. Como uma caminhonete pode dirigir com um pneu furado entre talos de milho densamente plantados e mais altos do que ele?

5. Se existem buracos de minhoca entre nossos planetas, então por que não um abrir perto da Terra, em vez de Saturno?

6. Olha, Marte (aqui do lado) parece beeem mais seguro do que os novos planetas para onde eles viajaram.

7. Se o seu capacete espacial racha e você ainda continua lutando, o ar do planeta não pode ser tão ruim para você.

8. Não consigo imaginar um futuro no qual escapar da Terra via buraco de minhoca é um plano melhor do que apenas consertar a Terra.

9. Neste futuro irreal, eles ensinam coisas não-científicas nas aulas de ciências. Oh, espere. Isso acontece no mundo real, sim.


Spoilers abaixo!


FONTE: http://gizmodo.uol.com.br/

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