LIVRO: O UNIVERSO INTELIGENTE


Nosso universo está expandindo rapidamente e, de acordo com os astrofísicos, esse comportamento inflacionário pode nos levar a dois destinos nada agradáveis. O primeiro seria resultante de uma expansão contínua, onde toda a matéria e o calor se dispersariam através da eternidade. O segundo destino seria uma possível contração, ou seja, após expandir por bilhões de anos a malha do universo seria contraída pela atração gravitacional até tudo se aproximar e entrar em colapso. Em outras palavras, nosso fim pode ser o frio eterno ou o calor máximo de um esmagamento cósmico. De uma forma ou de outra, será uma triste sina.

Eis que o autor James Gardner, ensaísta científico e teórico da complexidade, ousa propor uma terceira e surpreendente alternativa: o universo poderia gerar outro universo antes de seu fim trágico e, para isso, ele precisaria aprimorar e evoluir sua própria consciência. Essa é a espetacular ideia apresentada por Gardner em seu livro “O Universo Inteligente” (The Intelligent Universe, 2007).
Para Gardner, nosso gigantesco universo é favorável à vida e, portanto, em algum momento passado, presente ou futuro, alguma ou algumas formas de vida estariam se desenvolvendo em diferentes pontos de sua vastidão. A partir daí, o processo evolutivo levaria ao estabelecimento de espécies e inteligências cada vez mais apuradas que poderiam chegar a um grau de consciência em que questionariam sua própria existência. Concomitantemente, esses organismos poderiam reunir conhecimentos, desenvolver ciências e elaborar tecnologias mais e mais sofisticadas até conseguirem transferir a inteligência para máquinas, como nós hoje fazemos com os computadores.
Dessa forma, Gardner deixa claro que a partir da manifestação de formas de vida, sejam elas naturais ou artificiais, a inteligência do universo pode se espalhar, entrar em comunhão e se expandir até o ponto em que ele toma consciência sobre ele mesmo e sobre seu complexo mecanismo de funcionamento, permitindo a criação de um novo universo-filho a partir daí.
A ideia parece louca e altamente ousada, mas encontra defensores entre grandes nomes da ciência atual como sir Martin Rees, astrônomo britânico, e Paul Davies, cosmologista vencedor do prêmio Templeton de contribuição à ciência.
O livro segue descrevendo de que maneiras o universo poderia chegar a esse ponto de autoconsciência. E é aí que a leitura se torna interessantíssima. Gardner faz uma viagem cósmica, apresentando ideias científicas inéditas, possibilidades incríveis na área da computação e da nanotecnologia, engenharia planetária e diferentes formas de vida em outros corpos celestes. Nos deparamos com pesquisadores que buscam civilizações alienígenas, computadores quânticos que podem superar nossa inteligência e nanomáquinas capazes de estabelecer vida artificial através do Cosmos. Além de todo esse conteúdo e de apresentar belas ilustrações, diversos boxes com curiosidades e textos explicativos entremeiam as páginas, oferecendo uma leitura mais dinâmica e didática.
Se for ler, prepare-se para receber ideias que poderão fazê-lo certamente repensar seu sistema de crenças sobre o universo e a vida. Num mundo materialista e reducionista, estar diante de argumentos coerentes e corajosos que nos levam a considerar a possibilidade do Cosmos e da Consciência serem uma só coisa, certamente é um privilégio intelectual que irá expandir sua mente sobremaneira. Como Einstein disse: “uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Boa leitura.


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